Por Gilvano Amorim Oliveira
Esta foi uma pergunta que ouvi no consultório de uma mãe aflita e preocupada com a saúde ocular de sua filha adolescente. Levei um tempinho para descobrir que aquela senhora queria minha opinião acerca da possibilidade de sua filha portar uma doença chamada “Ceratocone”. Aquele episódio me foi tão emblemático que resolvi dedicar este artigo para comentar esta interessante patologia corneana, que é mais comum do que se pode imaginar. A córnea, o vidrinho de relógio do olho, é um dos mais intrigantes tecidos de nosso corpo. Mesmo sendo um tecido vivo, se apresenta como uma interface transparente com um alto poder de lente, de tal forma que, aliada à lente cristaliniana, consegue nos fazer focar diretamente em nossa retina os objetos que enxergamos. A córnea é sede de uma série de problemas cuja marca comum é a redução de nossa capacidade de visão. Se sua esfericidade se mostrar imperfeita por uma irregularidade de seu relevo, teremos a manifestação de um erro refracional chamado astigmatismo. Se houver aumento de seu raio de curvatura, em um milímetro por exemplo, teremos manifestação de miopia de cerca de dez graus. As perturbações na espessura da córnea ou em sua transparência também são responsáveis por significativa perda visual. O ceratocone é uma doença caracterizada pela conformação cônica da córnea em detrimento de sua esfericidade. Este desenho traz dois problemas. Em primeiro lugar, nos faz míopes pelo distanciamento dos pólos anterior e posterior do olho. Para que se tenha uma idéia, um distanciamento de apenas um milímetro gera uma miopia de cerca de três graus. Em segundo lugar, o cone corneano ocupa de modo descentralizado o ponto central de nosso sistema óptico, o chamado eixo visual. Às custas desta descentralização, as imagens são percebidas pelas “paredes” do cone e não apenas por seu ponto central. Este fenômeno leva a uma distorção visual tão importante que nos casos mais avançados não é possível se conseguir visão de qualidade com uso de óculos, obrigando o uso de lentes de contato ou até mesmo a indicação de um transplante de córnea. Não se conhece ao certo as causas que permitem o desenvolvimento do ceratocone, mas certamente aspectos genéticos e hereditários estão envolvidos. O gene p 153 tem sido indicado em algumas publicações científicas como relacionado ao ceratocone. Considera-se hoje que a córnea que desenvolve ceratocone tenha alguma predisposição e que aspectos ambientais permitem o desenvolvimento da doença a partir desta predisposição. Sabe-se também que hábitos como a coçadura dos olhos, processos inflamatórios de superfície ocular como a alergia ocular, doenças sistêmicas como asma, rinite e doença ovariana policística de alguma forma devem estar relacionados à ocorrência de ceratocone. A incidência em ambos os sexos é muito assemelhada, mas as mulheres são um pouco mais acometidas. O pico do aparecimento do ceratocone se dá na puberdade, o que pode ser um indício de sua etiologia hormonal.
As manifestações do ceratocone dependem de seu estágio. Os quadros iniciais se manifestam por pequena dificuldade visual para longe. Com o avançar do problema esta dificuldade se mostra maior, sendo necessário adotar uma correção. Nos casos mais avançados há dificuldade de se enxergar para longe e perto, com perda produtiva do indivíduo. Note-se que, como o pico de incidência se dá na puberdade, grande é o impacto desta perda produtiva por acometer o paciente em momento de auge de sua projeção educacional e até profissional. No próximo artigo descreveremos as formas de corrigir a visão de um paciente portador de ceratocone e como se escolhe as várias opções terapêuticas disponíveis atualmente. Até lá! E se isto tudo é muito novo para você, diga muito prazer em conhecer mais uma: o ceratocone!
As manifestações do ceratocone dependem de seu estágio. Os quadros iniciais se manifestam por pequena dificuldade visual para longe. Com o avançar do problema esta dificuldade se mostra maior, sendo necessário adotar uma correção. Nos casos mais avançados há dificuldade de se enxergar para longe e perto, com perda produtiva do indivíduo. Note-se que, como o pico de incidência se dá na puberdade, grande é o impacto desta perda produtiva por acometer o paciente em momento de auge de sua projeção educacional e até profissional. No próximo artigo descreveremos as formas de corrigir a visão de um paciente portador de ceratocone e como se escolhe as várias opções terapêuticas disponíveis atualmente. Até lá! E se isto tudo é muito novo para você, diga muito prazer em conhecer mais uma: o ceratocone!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Favor não deixar comentários. Contato pode ser feito pelo e-mail: drgilvanoamorim@gmail.com
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.