quarta-feira, 4 de março de 2009

Visão embaçada? Pode ser catarata!

O sistema óptico de nossos olhos é uma das mais belas obras-primas da
criação. Dentre as maravilhas deste sistema, destacamos o conjunto
formado por duas lentes, a córnea e o cristalino. A córnea é o "vidro
de relógio" do olho, a parte transparente que fica adiante do colorido
e o cristalino é uma lente interna. Com o passar dos anos, ou por
motivos específicos como traumas e doenças, o cristalino pode perder
sua transparência natural. Esta perda de transparência é o que se
denomina catarata e é o tema de nossa coluna hoje. Em primeiro lugar,
há que se desfazer um equívoco muito comum em nosso meio: trata-se da
confusão entre pterígio e catarata. Enquanto catarata é a opacificação
do cristalino, pterígio é "uma pelezinha" que cresce recobrindo o
colorido do olho. Ao perder a transparência original, o cristalino vai
se transformando em catarata e o indivíduo pode ter inicialmente
alteração no grau ou surgimento de grau para longe se dantes enxergava
bem. Pode haver aumento de miopia, modificação de astigmatismo e até
redução de hipermetropia. Para os indivíduos com visão normal para
longe e usuários de óculos de leitura pode haver uma volta da
capacidade de focar para perto, fenômeno que é conhecido como "segunda
visão". Com o avançar da situação a nitidez da visão diminui e sintomas
como sensação de "um cisco" ou "poeira no ar", ardência e
lacrimejamento poderão surgir. Em fases mais adiantadas há
significativa perda de qualidade e quantidade de visão e, se não
tratada, perda da visão com redução da acuidade à simples percepção
luminosa. Há que se mencionar que a perda de visão por catarata é
reversível na ausência de outra condição que reduza a visão, como
glaucoma e doenças na retina. Alías, catarata é a causa mais comum de
perda reversível de visão em nosso país e em todo o mundo. A catarata é
uma marca da senilidade de nossos olhos e, segundo estudiosos, seria
encontrada em todos os indivíduo caso não morressem antes por outras
causas. Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento da catarata
senil devemos citar a hereditariedade, a exposição aos raios do sol, o
hábito de fumar e o uso de determinados medicamentos como
corticosteróides. Outras formas de catarata são as associadas ao
diabetes, as secundárias aos traumas oculares, as causadas por
processos inflamatórios como uveítes e as congênitas, ou seja aquelas
com as quais os indíviduos acometidos nascem. O tratamento da catarata
é exclusivamente cirúrgico, não havendo nenhuma forma clínica de
tratamento como colírios ou uso de óculos fenestrados. O tratamento
cirúrgico consiste na extração do cristalino cataratoso e no implante
de um lente artificial, chamada intra-ocular. As modernas técnicas de
extração incluem o uso de ondas de ultrassom, comumente confundidas
popularmente com raios laser, e dispensm o uso de suturas (ou seja não
é necessário dar pontos). Estas ondas de choque destroem a catarata e
permitem que o material seja lavado e aspirado em seguida. Depois da
retirada da catarata e da limpeza do invólucro que a continha, chamado
saco capsular, a lente intra-ocular é implantada. Estas lentes são
modernamente confeccionadas em material que permite o filtro de raios
ultravioletas, excelente campo visual e até visão longe e perto,
dispensando os óculos de leituras muitas vezes. Embora ainda passível
de complicações, a moderna cirurgia de catarata é segura e garante a
melhora da acuidade visual. O momento de se indicar cirurgia é um ponto
bastante controverso. Exatamente pelas potenciais complicações das
técnicas antigas, criou-se um conceito no passado de que se deveria
esperar pelo amadurecimento da catarata antes de se indicar cirurgia.
Sabe-se hoje que a extração de uma catarata madura é potencialmente
mais complicável que a de uma catarata recente. Pensamos, portanto, que
o momento de se indicar a cirurgia deve ser ditado pelo paciente ao
perceber e se incomodar com os sintomas da doença, independentemente de
ser recente. Portanto, para que possamos curtir a perfeição de nosso sistema visual, aí vão algumas dicas importantes:
01. Visite regularmente seu oftalmologista, particularmente após os quarenta anos.
02. Considere a possibilidade do diagnóstico de catarata se após a quarta década seu grau variar muito ou se você puder voltar a enxergar bem de perto.
03. Evite exposição ao sol. Dentre os fatores que precipitam catarata sabemos que os raios ultravioleta tem primazia.
04.Se você é diabético, uma atenção especial deve ser dada a seus olhos, particularmente à retina e ao cristalino. A chamada retinopatia diabética (tema futuro desta coluna) é potencialmente grave e uma frequencia significativa de diabéticos desenlvolvem catarata.
04. Em caso de uso crônico de corticosteróides um consenso deve ser feito pesando riscos e benefícios.
05. Não despreze a ocorrência de um trauma ocular (qualquer tipo de batida contra os olhos), ainda que aparentemente banal e inofensivo. Neste caso um acompanhamento com oftalmologista é imprescindível.
06. Para os fumantes, o recado é a sumária e imediata suspensão do hábito sem "pagar pedágios" com uso de chicletes, adesivos ou outras formas de administração de nicotina, que muitas vezes são mais deletérias.
É isto aí! cuidando bem de nossos a únicas cataratas que nos embaçarão a vista serão as naturais pelo vapor da efusão das águas!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Favor não deixar comentários. Contato pode ser feito pelo e-mail: drgilvanoamorim@gmail.com

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.